O presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou na tarde desta quarta-feira (25) que o governo brasileiro acertou ao mudar as regras de exploração na camada do pré-sal. Segundo ele, a estatal não teria condições de controlar toda a produção em águas profundas devido à magnitude da área de o altíssimo grau de investimentos necessários.
"Vocês vão ver como o governo acertou", afirmou Parente em sua palestra realizada durante um almoço com investidores do setor petroleiro internacional que participam da Offshore Technology Conference (OTC), no Rio.
Até o ano passado, a Petrobras era obrigada a ser a operadora única do pré-sal, cujas camadas estão localizadas entre 5 mil e 7 mil metros abaixo do nível do mar. A regra foi alterada em novembro pelo Congresso. A partir de então, a estatal garantiu autonomia para decidir quando participar ou não de um leilão.
A mudança da regra passou a ser defendida pela estatal após, endividada, lançar um novo plano estratégico no qual incluiu um programa de desinvestimentos de US$ 21 bilhões até o fim de 2018.
Parente destacou que a Petrobras não teria condições de investir nos oito blocos exploratórios que serão licitados na próxima sexta-feira pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). Está será a primeira vez que petroleiras privadas poderão participar como operadoras em uma licitação sob regime de partilha do pré-sal brasileiro.
Também durante o almoço, Parente afirmou que a Petrobras irá ultrapassar sua meta de produção para 2017, estimada em 2,07 milhões de barris diários. Ele destacou que esta será a terceira vez consecutiva que a companhia bate sua meta de produção.
Ele aproveitou a ocasião para reforçar, ainda, que a Petrobras é credora no contrato de cessão onerosa, que é alvo de um processo de renegociação com a união. "Não vejo nenhuma chance de não sermos credores", disse aos investidores.
A fala de Parente soou como uma resposta à declaração dada no dia anterior, também durante a OTC, pelo secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, de que ainda não há um "ponto pacífico" sobre quem é a parte credora na negociação.
Ao deixar o evento, Parente evitou falar com jornalistas. Apenas endossou seu posicionamento em relação à cessão onerosa.
"É uma negociação. Portanto, essa essa negociação tem duas partes na mesa. Eu não vejo, como Petrobras a possibilidade de que a gente não seja credor", disse o executivo.
A cessão onerosa refere-se ao contrato da União e Petrobras para a exploração de 5 bilhões de barris de óleo equivalente sem licitação na época da capitalização da companhia, em 2010. Contudo, naquele momento, a petroleira pagou à União o equivalente a US$ 42,5 bilhões.
O contrato previa também uma renegociação anos depois para atualização de variáveis como câmbio e preços do petróleo, o que poderá resultar em pagamentos para a estatal ao fim do processo.